Frei Luís de Sousa - Cap. 3: Acto Terceiro Pág. 88 / 122

E sabe-o Deus, Jorge, e castigou-me assim, meu irmão!

JORGE

- Paciência, paciência: os seus juízos são imperscrutáveis.

(Acalma e faz sentar o irmão; tornam a ficar ambos como estavam.)

MANUEL

- Mas eu em que mereci ser feito o homem mais infeliz da terra, posto de alvo à irrisão e ao discursar do vulgo?… Manuel de Sousa Coutinho, o filho de Lopo de Sousa Coutinho, o filho de nosso pai, Jorge!

JORGE

- Tu chamas-te o homem mais infeliz da terra… Já te esqueceste que ainda está vivo aquele…

MANUEL

(caindo em si)

- É verdade. (Pausa: e depois, como quem se desdiz.) Mas não é nem tanto: padeceu mais, padeceu mais longamente e bebeu até às fezes o cálix das amarguras humanas… (Levantando a voz.) Mas fui eu, eu que lho preparei, eu que lho dei a beber, pelas mãos…





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