A Escrava Isaura - Cap. 16: Capítulo 16 Pág. 138 / 185

- Excelente, - respondeu Álvaro; - a minha lembrança surtiu o desejado efeito, e ainda mais do que eu esperava. Álvaro em poucas palavras deu conta ao seu amigo do mercado que fizera com o Martinho.

- Que caráter desprezível e abjeto o deste Martinho! - exclamou Geraldo. - De um tal instrumento não se pode esperar obra que preste. E julgas ter conseguido muita coisa, Álvaro, com o passo que acabas de dar?...

- Não muito, porém alguma coisa sempre posso conseguir. Pelo menos consigo deter o golpe por algum tempo, e como diz lá o rifão popular, meu Geraldo, enquanto o pau vai e vem, folgam as costas. Enquanto Leôncio, persuadido que a sua escrava não se acha aqui no Recife, a procura por todo esse mundo, ela fica aqui tranquilamente à minha sombra, livre das perseguições e dos maus-tratos de um bárbaro senhor; e eu terei tempo para ativar os meios de arranjar provas e documentos que justifiquem o seu direito à liberdade. É quanto me basta por agora; quanto ao resto, já que pareces julgar a minha causa irremissivelmente perdida, a justiça divina me inspirará o modo por que devo proceder.

- Como te enganas, meu pobre Álvaro!... cuidas que arredando o Martinho ficas por enquanto livre de perseguições e pesquisas contra a tua protegida? que cegueira!... não faltarão malsins igualmente esganados por dinheiro, que pelos cinco contos de réis, que para estes miseráveis é uma soma fabulosa, se ponham à cata de tão preciosa presa. Agora principalmente, que o Martinho deu o alarme, e que esse negócio tem atingido a um certo grau de celebridade, em vez de um, aparecerão cem Martinhos no encalço da bela fugitiva, e não terão mais que fazer senão seguir a trilha batida pelo primeiro.





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