A Escrava Isaura - Cap. 17: Capítulo 17 Pág. 144 / 185

Apenas depois de instantes e repetidas súplicas de Isaura, havia tomado a liberdade de tratá-la por tu, e isso mesmo quando se achavam a sós.

Somente agora pela primeira vez, Álvaro, dominado pela mais suave e veemente emoção, ao proferir as últimas palavras, enlaçando o braço em torno ao colo de Isaura a cingia brandamente contra o coração.

Estavam ambos enlevados na doçura deste primeiro amplexo de amor, quando o ruído de um carro, que parou à porta do jardim, e logo após um forte e estrondoso - ó de casa! - os fizeram separar-se.

No mesmo momento entrava na sala o baleeiro de Álvaro, e anunciava-lhe que novas pessoas o procuravam.

- Oh, meu Deus!... que será isto hoje!... serão ainda os malditos esbirros?... - refletiu Álvaro, e depois dirigindo-se a Isaura: - É prudente que te retires, minha amiga, - disse-lhe; - ninguém sabe o que será e não convém que te vejam.

- Ah! que eu não sirva senão para perturbar-lhe o sossego! - murmurou Isaura retirando-se.

Um momento depois Álvaro viu entrar na sala um elegante e belo mancebo, trajado com todo o primor, e afetando as mais polidas e aristocráticas maneiras; mas apesar de sua beleza, tinha ele na fisionomia, como Lusbel, um não seu quê de torvo e sinistro, e um olhar sombrio, que incutia pavor e repulsão.

- Este por certo não é um esbirro, - pensou Álvaro, e indicando uma cadeira ao recém-chegado:

- Queira sentar-se, - disse-lhe, e - tenha a bondade de dizer o que pretende deste seu criado.

- Desculpe-me, - respondeu-lhe o cavalheiro, passeando um olhar escrutador em roda da sala: - não é a V. S.ª que eu desejava falar, mas sim ao morador desta casa ou à sua filha.

Álvaro estremeceu. Estava claro que aquele mancebo, se bem que nenhuma aparência tivesse de um esbirro, andava à pista de Isaura.





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