A Escrava Isaura - Cap. 19: Capítulo 19 Pág. 159 / 185

- O Belchior!... exclamou Malvina rindo-se muito. Estás caçoando; fala sério, quem é?...

- O Belchior, senhora; falo sério.

- Mas esperas acaso, que Isaura queira casar-se com aquele monstrengo?

- Se não quiser, pior para ela; não lhe dou a liberdade, e há de passar a vida enclausurada e em ferros.

- Oh!... mas isso é demasiada crueldade, Leôncio. De que serve dar-lhe a liberdade em tudo, se não lhe deixas a de escolher um marido?... Dá-lhe a liberdade, Leôncio, e deixa ela casar-se com quem quiser.

- Ela não se casará com ninguém: irá voando direitinho para Pernambuco, e lá ficará muito lampeira nos braços de seu insolente taful, escarnecendo de mim...

- E que te importa isso, Leôncio? - perguntou Malvina com certo ar desconfiado.

- Que tenho!... - replicou Leôncio um pouco perturbado com a pergunta.

- Ora que tenho!... é o mesmo que perguntar-me se tenho brio nas faces. Se soubesses como aquele papalvo provocou-me atirando-me insultos atrozes!... Como desafiou-me com mil bravatas e ameaças, protestando que havia de arrancar Isaura ao meu poder... Se não fosse por tua causa, e também por satisfazer os votos de minha mãe, eu nunca daria a liberdade a essa escrava, embora nenhum serviço me prestasse, e tivesse de tratá-la como uma princesa, só para quebrar a proa e castigar a audácia e petulância desse impudente rufião.

- Pois bem, Leôncio; mas eu entendo que Isaura mais facilmente se deixará queimar viva, do que casar-se com Belchior.

- Não te dê isso cuidado, minha querida; havemos de catequizá-la convenientemente. Tenho cá forjado o meu plano, com o qual espero reduzi-la a casar-se com ele de muito boa vontade.

- Se ela consentir, não tenho motivo para me opor a esse arranjo.

Leôncio de feito havia habilmente preparado o seu plano atroz.





Os capítulos deste livro