A Escrava Isaura - Cap. 21: Capítulo 21 Pág. 174 / 185

- Plano admirável na verdade, Leôncio! - exclamou Jorge enfaticamente. - Tens um tino superior, e uma inteligência sutil e fértil em recursos!., se te desses á política, asseguro-te que farias um papel eminente; serias um estadista consumado. Esse Dom Quixote de nova espécie, amparo da liberdade das escravas alheias, quando são bonitas, não achará senão moinhos de vento a combater. Muito havemos de nos rir de seu desapontamento, se lhe der na cabeça continuar sua burlesca aventura.

- Creio que nessa não cairá ele; mas se por cá aparecesse, muito tínhamos que debicá-lo.

- Meu senhor, - disse André entrando na sala, - aí estão na porta uns cavalheiros, que pedem licença para apear e entrar.

- Ah! já sei, - disse Leôncio, - são eles, são as pessoas que mandei chamar; o vigário, o tabelião e mais outros... bom! já não nos falta tudo. Vieram mais depressa do que eu esperava. Manda-os apear e entrar, André.

André sai, Leôncio toca uma campainha, e aparece Rosa.

- Rosa, diz-lhe ele, - vai já chamar sinhá Malvina e Isaura, e o senhor Miguel e Belchior. Já devem estar prontos; precisa-se aqui já da presença de todos eles.

- Estou aflito por ver o fim a esta farsa, - disse Leôncio a seu amigo, - mas quero que ela se represente com certo aparato e solenidade, para inculcar que tenho grande prazer em satisfazer o capricho de Malvina e melhor iludir a sua credulidade; mas - fique isto aqui entre nós, - este casamento não passa de uma burla. Tenho toda a certeza de que Isaura despreza do fundo d'alma esse miserável idiota, que só em nome será seu marido. Entretanto ficarei me aguardando para melhores tempos, e espero que o meu plano surtirá o desejado efeito.

- Cá por mim não tenho a menor dúvida a respeito do resultado de um plano tão maravilhosamente combinado.





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