A Escrava Isaura - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 19 / 185

- Não te lembras de uma promessa, que sempre me fazes, promessa sagrada, que há muito tempo devia ter sido cumprida?... hoje quero absolutamente, exijo, o seu cumprimento.

- Deveras?.., mas que promessa?... não me lembro.

- Ah! como te fazes de esquecido!... não te lembras, que me prometeste dar liberdade a...

- Ah! já sei, já sei; - atalhou Leôncio com impaciência.

- Mas tratar disso aqui agora? em presença dela?... que necessidade há de que nos ouça?

- E que mal faz isso? mas seja como quiseres, - replicou a moça tomando a mão de Leôncio e levando-o para o interior da casa; - vamos cá para dentro. Henrique, espera aí um momento, enquanto eu vou mandar preparar-nos o café.

Só depois da chegada de Malvina, Isaura deu pela presença dos dois mancebos, que a certa distância a contemplavam cochichando a respeito dela. Também pouco ouviu ela e nada compreendeu do rápido diálogo que tivera lugar entre Malvina e seu marido. Apenas estes se retiraram ela também se levantou e ia sair, mas Henrique, que ficara só, a deteve com um gesto.

- Que me quer, senhor? - disse ela baixando os olhos com humildade.

- Espera ai, menina; tenho alguma coisa a dizer-te, - replicou o moço, e sem dizer mais nada colocou-se diante dela devorando-a com os olhos, e como extático contemplando-lhe a maravilhosa beleza.

Henrique sentia-se acanhado diante daquela nobre figura radiante de beleza, e de angélica serenidade. Por seu lado Isaura também olhava para o moço, atônita e tolhida, esperando em vão que lhe dissesse o que queria. Por fim Henrique, afoito, e estouvado como era, lembrando-se que Isaura, a despeito de toda a sua formosura, não passava de uma escrava, entendeu que fazia um ridículo papel, deixando-se ali ficar diante dela em muda e extática contemplação, e chegando-se a ela com todo o desembaraço e petulância travou-lhe da mão, e...





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