A Queda da Casa de Usher - Cap. 1: A queda da casa de Usher Pág. 23 / 23

Era obra de uma violenta rajada de vento - mas a verdade é que atrás daquelas portas se via EFECTIVAMENTE a figura altiva e amortalhada de Lady Madeline de Usher. As suas vestes brancas estavam manchadas de sangue e todo o seu corpo macilento apresentava vestígios de qualquer luta gigantesca. Por um instante manteve-se trémula e oscilante no limiar da porta; depois, com um gemido grave, deixou-se cair pesadamente para a frente sobre o irmão e, na violenta e agora definitiva agonia da morte, arrastou-o para o chão já morto também e vítima dos terrores que prenunciara.

Fugi aterrado daquele quarto e daquela mansão. A tempestade estava ainda em plena fúria e dei por mim a atravessar a velha calçada. Subitamente, uma estranha luz brilhou no caminho e virei-me para ver de onde poderia provir tão invulgar clarão, pois atrás de mim havia apenas a casa e as suas sombras. A irradiação era da Lua que se punha, rubra de sangue, brilhando agora através daquela fenda dificilmente perceptível atrás mencionada, que se estendia desde o telhado do edifício, ziguezagueando, até à sua base. Enquanto eu observava, a fenda aumentou rapidamente, sobreveio uma violenta rajada do furacão e todo o disco do satélite surgiu instantaneamente ante os meus olhos; senti uma vertigem ao ver as sólidas paredes abrirem-se a meio; houve um longo e tumultuoso som estridente como a voz de uni milhar de torrentes - e o profundo e pantanoso lago aos meus pés fechou-se soturna e silenciosamente sobre as ruínas da «CASA DE USHER».

FIM





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