Hop-Frog - Cap. 1: Hop-Frog Pág. 6 / 12

- Porquê... porquê... porquê... Porque é que estás a fazer esse barulho? - perguntou o rei voltando-se furioso para o anão.

Este parecia ter em certa medida melhorado da sua embriaguez e olhou fixa e tranquilamente para o tirano, dizendo apenas:

- E... eu? Como podia ter sido eu?

- Pareceu-me que o som vinha lá de fora - disse um dos cortesãos. - Talvez seja o papagaio na janela a aguçar o bico nas grades da gaiola.

- É verdade - disse o rei como se a sugestão o aliviasse muitíssimo -, mas, palavra de cavaleiro, podia jurar que era o ranger dos dentes deste vagabundo.

Ao ouvir isto o anão riu-se (o rei era um tão obstinado apreciador de piadas que não podia opor-se ao riso de quem quer que fosse) e mostrou uns dentes grandes, fortes e muito repelentes. Além disso, confessou-se perfeitamente disposto a engolir todo o vinho que lhe quisessem dar. O monarca acalmou; e Hop-Frog, bebendo outro copo sem que aparentemente o vinho lhe fizesse mal, entrou imediata e espirituosamente na preparação dos planos para o baile de máscaras.

- Não sei dizer qual foi a associação de ideias - observou muito tranquilamente como se nunca na vida tivesse provado vinho -, mas mal Vossa Majestade empurrou a rapariga e lhe atirou o vinho à cara, mal Vossa Majestade acabou de fazer isso e enquanto lá fora o papagaio fazia aquele barulho esquisito, veio-me à ideia um divertimento maravilhoso, um jogo do meu país que usamos muitas vezes nos nossos bailes de máscaras, mas aqui será completamente original. Infelizmente necessita de oito pessoas e...

- Eh, oito somos nós! - exclamou o rei rindo-se da sua inteligente descoberta da coincidência. - Oito sem tirar nem pôr, eu e os meus sete ministros. Então, diz lá como é o jogo?

- Chamamos-lhe - respondeu o aleijado - «os oito orangotangos presos», e se for bem feito é extraordinariamente divertido.





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