A Origem da Tragédia - Cap. 28: Capítulo 28 Pág. 164 / 164

De onde se elevam tão impetuosamente as forças dionisíacas, como é por nós presenciado, já deve ter descido Apolo, envolto em uma nuvem; e seus mais exuberantes efeitos de beleza serão admirados, provavelmente, por uma das gerações futuras.

Que este efeito, porém, é altamente necessário, poderia ser experimentado por cada um, com a maior segurança, através da intuição, se alguma vez se sentisse, embora em sonhos, transportado à existência da antiguidade helênica. Se vagueasse sob elevados pórticos jônicos, alçando o olhar para um horizonte limitado por linhas puras e nobres, — tendo a seu lado a sua figura, transfigurada por reflexos visíveis em reluzente mármore, e, em seu redor, pessoas que majestosamente caminham, ou que suavemente são movidas, com sons harmoniosos e com linguagem mímica e rítmica — será que ele, nesse contínuo afluxo de beleza, não levantaria as mãos para Apolo, exclamando: “Ó, bem-aventurado povo helênico! Quão grande deve ser Dionísio entre vós, se o deus delíaco necessita de tais magias, para curar a vossa loucura ditirâmbica!” A uma pessoa com tal disposição de ânimo responderia um ancião ateniense, com o olhar excelso de Ésquilo: “Porém, dize também, ó singular estranho, quanto teve de sofrer este povo, para se poder tornar assim belo! Agora, entretanto, acompanha-me à Tragédia e imola nos templos de ambas as divindades!”

FIM





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