Farsa de Inês Pereira - Cap. 2: Farsa de Inês Pereira Pág. 20 / 42

Eu assi como chegar,

Cumpre-me bem d’atentar

Se he garrida, se he honesta,

Porque o melhor da festa

He achar siso e calar.

MÃE

Se este Escudeiro ha de vir,

E he homem de descrição,

Has-te de pôr em feição

De falar pouco e não rir.

E mais, Ines, não muito olhar,

E muito chão o menear,

Porque te julguem por muda;

Porque a moça sisuda

He hua perla pera amar.

ESCUDEIRO

Olha ca, Fernando, eu vou

Ver a com qu’hei de casar:

Avisa-te, que has de estar

Sem barrete onde eu estou.

MOÇO

Como a Rei, corpo de mi!

Mui bem vai isso assi.

ESCUDEIRO

E se cospir pela ventura,

Põe-lhe o pe e faz mesura.

MOÇO

Ainda eu isso não vi.

ESCUDEIRO

E se me vires mentir,

Gabando-me de privado,

Está tudo dessimulado,

Ou sae-te pera fóra a rir.





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