Falamos a Badajoz,
Musico, discreto, solteiro;
Este fôra o verdadeiro,
Mas soltou-se-nos da noz.
Fomos a Vilha Castim,
E falou-nos em latim:
Vinde ca daqui a hum’hora,
E trazei-m’essa senhora.
INES
Assi que he tudo nada enfim!
VIDAL
Esperae, aguardae ora.
Soubemos d’hum escudeiro
De feição d’atafoneiro,
Que virá logo essora,
Que fala, e como ora fala
Qu’estrugirá esta sala,
E tangem e como ora tange
E alcança quanto abrange,
E se preza bem da gala.
Vem o Escudeiro com seu Moço, que lhe traz ua viola, e diz:
ESCUDEIRO
Se esta senhora he tal
Como os Judeos ma gabárão,
Certo os anjos a pintarão,
E não pôde ser hi al.
Diz que os olhos com que via
Forão de Sancta Luzia,
E cabelos de Madanela.
Se fosse moça tão bela,
Como donzela sería?
Moça de vila será ella
Com sinalzinho postiço,
E sarnosa no toutiço,
Como burra de Castella.