Farsa de Inês Pereira - Cap. 2: Farsa de Inês Pereira Pág. 33 / 42

Entra o Moço com huma carta de Arzila, e diz:

MOÇO

Esta carta vem d’alem,

Creio que he de meu senhor.

INES

Mostrae ca, meu guarda-mor,

E veremos o que hi vem.

(Lê-se o sobrescrito.)

À senhora mui presada

Ines Pereira da Grãa,

À senhora minha irmãa,

Em Tomar lhe seja dada.

De meu irmão; venha embora.

MOÇO

Vosso irmão está em Arzila?

Eu apostarei que hi vem

Nova de meu senhor tambem.

INES

Já elle partio de Tavila?

MOÇO

Ha tres meses que he passado.

INES

Aqui virá logo recado.

Se lhe vai bem ou que faz.

MOÇO

Bem pequena é a carta assaz.

INES

Carta de homem avisado.

(lê)

Muito honrada irman,

Esforçae o coração

E tomae por devação

De querer o que Deos quer;

E isto quer dizer?

E não vos maravilheis

De cousa que o mundo faça,

Que sempre nos embaraça

Com cousas.





Os capítulos deste livro