Sabei que indo
Vosso marido fogindo
Da batalha pera a villa,
A meia legua de Arzila,
O matou um mouro pastor.
MOÇO
Oh meu amo e meu senhor!
INES
Dae-me vós ca essa chave,
Ei buscar vossa vida.
MOÇO
Oh que triste despedida!
INES
Oh que nova tão suave!
Desatado he o nó.
S’eu por elle ponho dó,
O diabo m’arrebente:
Pera mim era valente,
E matou-o hum mouro so.
Guardar de cavaleirão,
Barbudo, repetenado,
Que em figura d’avisado
He malino e sotrancão.
Agora quero tomar
Pera boa vida gozar
Hum muito manso marido;
Não no quero já sabido,
Pois tão caro ha de custar.
Vem Lianor Vaz visitá-la e ella finge-se muito anojada.
LIANOR
Como estais, Ines Pereira?
INES
Muito triste, Lianor Vaz.
LIANOR
Que fareis ao que Deos faz?
INES
Casei por minha canseira.