Farsa de Inês Pereira - Cap. 2: Farsa de Inês Pereira Pág. 34 / 42

Sabei que indo

Vosso marido fogindo

Da batalha pera a villa,

A meia legua de Arzila,

O matou um mouro pastor.

MOÇO

Oh meu amo e meu senhor!

INES

Dae-me vós ca essa chave,

Ei buscar vossa vida.

MOÇO

Oh que triste despedida!

INES

Oh que nova tão suave!

Desatado he o nó.

S’eu por elle ponho dó,

O diabo m’arrebente:

Pera mim era valente,

E matou-o hum mouro so.

Guardar de cavaleirão,

Barbudo, repetenado,

Que em figura d’avisado

He malino e sotrancão.

Agora quero tomar

Pera boa vida gozar

Hum muito manso marido;

Não no quero já sabido,

Pois tão caro ha de custar.

Vem Lianor Vaz visitá-la e ella finge-se muito anojada.

LIANOR

Como estais, Ines Pereira?

INES

Muito triste, Lianor Vaz.

LIANOR

Que fareis ao que Deos faz?

INES

Casei por minha canseira.





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