Entra o Moço com huma carta de Arzila, e diz:
MOÇO
Esta carta vem d’alem,
Creio que he de meu senhor.
INES
Mostrae ca, meu guarda-mor,
E veremos o que hi vem.
(Lê-se o sobrescrito.)
À senhora mui presada
Ines Pereira da Grãa,
À senhora minha irmãa,
Em Tomar lhe seja dada.
De meu irmão; venha embora.
MOÇO
Vosso irmão está em Arzila?
Eu apostarei que hi vem
Nova de meu senhor tambem.
INES
Já elle partio de Tavila?
MOÇO
Ha tres meses que he passado.
INES
Aqui virá logo recado.
Se lhe vai bem ou que faz.
MOÇO
Bem pequena é a carta assaz.
INES
Carta de homem avisado.
(lê)
Muito honrada irman,
Esforçae o coração
E tomae por devação
De querer o que Deos quer;
E isto quer dizer?
E não vos maravilheis
De cousa que o mundo faça,
Que sempre nos embaraça
Com cousas.