Odisseia - Cap. 10: As Sereias Sila e Caribdes Pág. 77 / 129

- passai o dia tranquilamente, descansai e folgai sem receio; amanhã, ao romper de alva, embarcareis de novo e continuareis a vossa travessia. Eu própria vos ensinarei o rumo que deveis tomar, e dar-vos-ei todas as instruções necessárias, para que assim eviteis as desgraças que vos ameaçam ainda na terra e no mar, e que doutro modo vos seriam fatais...»

Pouco se demorou a deusa entre nós. O sono chamava-nos. Repousámos a noite inteira. E, na manhã seguinte, Circe voltou para junto de nós, e chamando-me de lado, segredou-me:

- «As primeiras dificuldades e perigos da tua viagem estão passados. Mas ouve agora bem o que te vou revelar, e não o esqueças na hora da aflição.

No teu caminho encontrarás as sereias. As sereias, Ulisses, fascinam e encantam todos os homens que as vêem de perto. Ai daqueles que têm a imprudência de escutar seus gorjeios melodiosos! Sedu-los essa melodia embaladora - e as sereias guardam-nos então cativos, num vasto prado, em que não há senão montões de ossos e cadáveres a secar ao sol ardente. Passa junto das sereias sem parar, e, para melhor defender a tripulação do teu barco, tapa com cera os ouvidos dos homens, para que nada escutem da música feiticeira! Tu - poderás ouvir, se quiseres.





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