A história que vão ler a seguir passou-se há alguns milhares de anos. Século a século, os homens têm-na ouvido e repetido sem nunca se enfadarem. Chegou até nós da Grécia antiga, berço da nossa civilização. E se os heróis e a sua gente de quem nela se fala morreram nem se sabe quando, ou, mesmo, se jamais existiram, - os lugares, as praias, as montanhas, os portos, as ilhas e o mar de que se fala aqui, hoje os podemos ainda visitar e percorrer, embora quase sempre outros nomes os indiquem à nossa atenção.
E a todos ficaram para sempre ligadas a lembrança e a saudade dos acontecimentos prodigiosos conta dos na «Odisseia».
É esta a gloriosa história de Ulisses, do homem de mil façanhas e ardis, do herói que,- depois do cerco, tomada e incêndio de Tróia, cidade célebre da Ásia Menor, - visitou as cidades mais diversas, conheceu gentes estranhas e enfeitiçou a alma de povos distantes. Num frágil navio, errou sobre as ondas incertas, cheio de angústia, transido de aflição, perseguido por monstros cruéis, abandonado de socorros. Tudo venceu, afinal, mercê da inteligência, do trabalho, da audácia e, sobretudo, da sua clara e serena razão. Companheiros que levou consigo na viagem arriscada, morreram pelo caminho. Mas Ulisses resistiu aos piores perigos e aos maiores sofrimentos E as suas aventuras foram tão surpreendentes, e a sua coragem tão excepcional se mostrou, que o tornaram imortal na memória das gerações.