A Mulher de Trinta Anos - Cap. 1: Primeiros erros Pág. 10 / 205

das tropas, neste momento ocupou-se quase exclusivamente, em meio a movimentos rápidos e regulares executados pelos velhos soldados, de um jovem oficial que corria a cavalo entre as linhas moventes e voltava com uma atividade infatigável para o grupo, à frente do qual brilhava o simples Napoleão. Esse oficial montava um admirável cavalo negro e distinguia-se entre aquela luzidia multidão pelo belo uniforme azul-celeste dos oficiais de ordenança do imperador. Os bordados de sua farda brilhavam tão vivamente ao sol, e o penacho da barretina, estreito e comprido, lançava tais reflexos, que os espectadores por certo o compararam a um fogo-fátuo, a uma alma visível encarregada pelo imperador de animar, de conduzir esses batalhões, cujas armas ondeantes faiscavam chamas quando, a um sinal único dos seus olhos, se quebravam, se reuniam, se agitavam como as águas de um sorvedouro, ou passavam pela sua frente como as vagas longas, retas e altas que o oceano em cólera atira sobre as praias.

Terminadas as manobras, o oficial de ordenança, correndo a toda brida, parou junto ao imperador para esperar as suas ordens. Nesse momento, achava-se ele a vinte passos de Júlia, em frente do grupo imperial, numa atitude assaz parecida com a que Gérard deu ao general Rapp no quadro da Batalha de Austerlitz. Foi então permitido à mocinha admirar o seu bem-amado em todo o seu esplendor militar. O coronel Victor d’Aiglemont, com apenas trinta anos, era alto, bem-feito, esbelto; e os seus felizes dotes físicos eram dignos de admiração, principalmente, quando empregava sua força em subjugar um cavalo, cujo dorso elegante e ágil parecia vergar-se sob o seu peso. O rosto másculo e trigueiro possuía esse encanto inexplicável que uma perfeita regularidade de feições comunica a semblantes juvenis.





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