- Mas, meu pai - dizia ela -, ainda há na praça do Carrousel regimentos que vão manobrar.
- Não, minha filha, as tropas já estão desfilando.
- Parece-me que se engana, meu pai. O senhor d’Aiglemont deve tê-las mandado avançar...
- Mas, minha filha, sinto-me mal e não quero demorar-me.
Júlia não teve dificuldade em acreditar no pai, quando olhou para seu rosto abatido por inquietações paternais.
- Sofre muito, meu pai? - perguntou Júlia com indiferença, tão grande era a sua preocupação.
- Cada dia que passa não é para mim um favor? - respondeu o ancião.
- Vai ainda afligir-me falando da sua morte? Estava tão alegre! Quer fazer o favor de afugentar suas mórbidas idéias?
- Ah! - exclamou o pai, soltando um suspiro.
- Criança cheia de mimo! Os melhores corações são às vezes bem cruéis. Consagrar-lhe a nossa vida, não pensar senão em você, preparar seu bem-estar, sacrificar nossos gostos às suas fantasias, adorá-la, dando lhe até nosso sangue, isso não significa nada? Às vezes você aceita tudo com indiferença.