A Mulher de Trinta Anos - Cap. 5: Os dois encontros Pág. 184 / 205

Esperam-no uma chalupa e homens dedicados. Tenhamos a esperança de vir a ter um terceiro encontro mais completamente feliz...

- Victor, desejava estar com meu pai ainda um momento - disse Helena tristemente.

- Dez minutos a mais ou a menos podem pôr- nos em frente de uma fragata. Que seja! Nos diverti remos um pouco. A tripulação está aborrecida.

- Oh! Parta, meu pai - exclamou a mulher do marinheiro. - E leve à minha irmã, a meus irmãos, à... minha mãe - acrescentou Helena - estas lembranças minhas.

Pegou numa mancheia de pedras preciosas, de colares, de jóias, envolvendo tudo numa riquíssima cachemira, e apresentou-a timidamente ao pai.

- E que lhes direi da sua parte? - perguntou o general, parecendo chocado com a hesitação da filha antes de pronunciar o nome da mãe.

- Oh!, pode duvidar da minha alma? Todos os dias faço votos pela sua felicidade.

- Helena .- tornou o general, fitando-a com atenção -, tornarei a vê-la? Nunca saberei o motivo da sua fuga?

- Esse segredo não me pertence - disse a filha com gravidade. - Mas, mesmo que me assistisse o direito de revelar, talvez nem assim o diria. Sofri durante dez anos males inauditos...

Calou-se e entregou ao pai os presentes que lhe destinava, O general, acostumado pelos incidentes da guerra a idéias bastante largas sobre os despojos da vitória, aceitou os presentes oferecidos pela filha e consolou-se pensando que, sob a inspiração de uma alma tão pura, tão elevada como a de Helena, o capitão Parisiense conservava-se honesto, fazendo a guerra aos espanhóis. Sua paixão pelos bravos venceu-o. Pensando que seria ridículo mostrar-se escrupuloso, apertou vigorosamente a mão do corsário, beijou Helena, sua única filha, com efusão particular aos soldados, e deixou cair uma lágrima sobre esse rosto cuja altivez, cuja expressão varonil mais de uma vez lhe tinham sorri do.





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