A condessa era uma dessas lindas velhas senhoras de tez pálida, cabelos brancos, que têm um sorriso fino e se vestem e se penteiam seguindo uma moda desconhecida. Retratos setuagenários do século de Luís XV, essas mulheres são quase sempre carinhosas e meigas, como se ainda amassem; menos piedosas que devotas e ainda menos devotas do que parecem; bastante perfumadas, falando bem, conversando melhor, e rindo mais de uma recordação do que de um gracejo. O modernismo as desagrada. Quando uma idosa criada de quarto anunciou à condessa (pois cedo reaveria seu título) a visita de um sobrinho que não via desde o começo da guerra da Espanha, ela depressa tirou os óculos, fechou a Galeria da antiga corte, seu livro favorito; depois, encontrou certa agilidade para chegar à escadaria no momento em que os dois subiam os degraus.
A tia e a sobrinha lançaram uma à outra rápido olhar.
- Bom dia, minha tia - exclamou o coronel abraçando a condessa com precipitação. - Trago-lhe uma jovem para cuidar. Venho confiar-lhe o meu tesouro. A minha Júlia não é vaidosa nem ciumenta; tem a doçura de um anjo... Mas espero que não se estrague aqui...
- Atrevido! - respondeu a condessa, lançando- lhe um olhar brincalhão.
Com uma graça amável, se ofereceu para beijar Júlia, que permanecia pensativa e parecia mais embaraçada que curiosa.