A Mulher de Trinta Anos - Cap. 1: Primeiros erros Pág. 4 / 205

gritaram-lhes:

- Não se passa mais!

A jovem pôs-se na ponta dos pés, e pôde ver uma profusão de damas enfeitadas que atravancavam os dois lados da velha arcada em mármore por onde de via passar o imperador.

- Bem vê, meu pai, viemos muito tarde!

A expressão de tristeza que se lia no seu rosto traía a importância que lhe merecia assistir àquela revista.

- O melhor, Júlia, é irmos embora; decerto você não vai querer ser pisada.

- Fiquemos, meu pai. Daqui eu ainda posso ver o imperador; se ele tivesse morrido durante a campanha, eu jamais poderia vê-lo.

O pai estremeceu ao ouvir essas palavras egoístas; a filha tinha lágrimas na voz; ele fitou-a e julgou notar sob as pálpebras baixas algumas lágrimas causadas menos pelo desespero que por um desses primeiros desgostos, cujo segredo é fácil a um velho pai adivinhar. De súbito, Júlia ruborizou e soltou uma exclamação, cujo sentido não foi compreendido nem pelas sentinelas, nem pelo ancião. A esse grito, um oficial que ia do pátio para a escada voltou-se vivamente, avançou até a arcada do jardim, reconheceu a jovem por um momento oculta pelos grandes bonés de pêlo dos granadeiros e revogou imediatamente, para ela e para o pai, a ordem que ele próprio dera; depois, sem dar a mínima importância aos murmúrios da elegante multidão que enchia a arcada, atraiu docemente para si a encantadora mocinha.

- Já não me admiro da cólera nem da impaciência de Júlia, pelo fato de você estar de serviço - disse o ancião ao oficial, num tom entre sério e zombeteiro.

- Senhor duque- tornou o jovem -, se desejam conseguir um bom lugar não nos percamos em conversas. O imperador não gosta de esperar, e eu fui encarregado pelo marechal de dar o aviso.

Enquanto falava, tomava com certa familiaridade o braço de Júlia e levava-a rapidamente para o Carrousel.





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