A condessa de Sérizy era uma dessas mulheres que pretendem exercer, em Paris, uma espécie de poderio sobre a moda e a sociedade; promulgava decretos que, acolhidos no círculo em que reinava, pareciam-lhe universalmente adotados; tinha a pretensão de impor os termos; era soberanamente sentenciosa. Literatura, política, homens e mulheres, tudo estava sujeito à sua censura; e a senhora de Sérizy parecia desafiar as das demais damas. A sua casa era, de todos os pontos de vista, um modelo de bom-gosto. No meio desses salões cheios de mulheres elegantes e formosas, Júlia triunfou sobre a condessa. Espirituosa, viva, alegre, teve em torno de si os homens mais distintos do sarau. Para desespero das mulheres, a sua toilette era irrepreensível, e todas lhe invejaram um feitio que foi geralmente atribuído ao talento de alguma modista desconhecida, porque as mulheres preferem acreditar mais na ciência dos tecidos que na graça e perfeição daquelas que são feitas de molde a realçá-los.