Houve um momento de silêncio, durante o qual os pensamentos das duas amigas volveram para a causa secreta daquela situação.
- Fui bem cruelmente obedecida - disse Júlia, lançando um olhar significativo a Luísa. - Todavia, não lhe tinha proibido que me escrevesse. Ah!, ele me esqueceu, e teve razão. Seria demasiado funesto que seu destino fosse despedaçado! Basta o meu! Acredite, minha querida, que leio os jornais ingleses na esperança unicamente de ali ver seu nome. Pois bem, ainda não compareceu à Câmara dos Lordes.
- Você sabe inglês?
- Não lhe disse que aprendi?
- Pobre amiga - exclamou Luísa, apertando a mão de Júlia -, mas como você pode ainda viver?
- Isso é um segredo - respondeu a marquesa, com gesto de simplicidade quase infantil. - Ouça. Tomo ópio... A história da duquesa de ..., em Londres, sugeriu-me essa idéia. Sabe, Mathurin escreveu sobre isso um romance. As gotas de láudano que tomo são muito fracas. Durmo. Só tenho sete horas de vigília, que consagro à minha filha...
Luísa olhava o fogo, sem ousar contemplar a amiga, cujas desventuras acabava de ouvir pela primeira vez.