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Capítulo 12: Capítulo 12

Página 141

— Ora, Nhã Pombinha... tinha-lhe um servicinho a pedir... mas vosmecezinha anda agora tão tomada com o seu enxoval e não há de querer dar-se a maços...

— Que queres tu, Bruno?

— N’é nada, é que precisava que vosmecezinha me fizesse uma carta p’raquele diabo... mas já se vê que não tem cabimento... Fica pr’ao depois!

— Uma carta para tua mulher, não é?

— Coitada! É mais doida do que ruim! Pois se a gente até dos brutos tem pena!...

— Pois estás servido. Queres para já?

— Não vale estorvar! Continue seu servicinho! Eu volto pr’outra vez!...

— Não! anda cá, entra! O que se tem de fazer, faz-se logo!

— Deus lhe pague! Vosmecezinha é mesmo um anjo! Não sei a quem se chegue a gente ao depois que já lhe não tivermos cá!...

E continuou a louvar a bondade da rapariga, enquanto esta, toda serviçal, preparava numa mesinha redonda os seus apetrechos de escrita.

— Vamos lá, Bruno! que queres tu mandar dizer à Leocádia?

— Diga-lhe, antes de mais nada, que aquilo que quebrei dela, que dou outro! Que ela fez mal em quebrar também o que era meu, mas que fecho os olhos! Águas passadas não movem moinho! Que sei que ela agora está desempregada e aos paus; que está a dever para mais de mês na estalagem; mas que não precisa dar cabeçadas: que me mande cá o senhorio, que me entendo com ele. Que acho bom que ela deixe a casa da crioula onde come, porque a mulher já se queixou e já disse, a quem quis ouvir, que aquilo lá não era ponto de vadios e mulheres de má vida! Que ela, se tivesse um pouco de tino, nem precisava estar às migalhas dos outros, que eu na forja fazia para a trazer de barriga cheia e mais aos filhos que Deus mandasse... — Principiava a tomar calor. — Que a culpada de tudo isto é só ela e mais ninguém! tivesse um bocado de juízo e não precisava envergonhar a cara por ai...

— Isso já está dito, Bruno!

— Pois arrame-lhe outra vez a ver se ela toma brio!

— E que mais?

— Que lhe não quero mal, nem lhe rogo pragas, mas que é bem feito que ela amargue um pouco do pão do diabo, pra ficar

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pág. 141 (Capítulo 12)

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Capa do livro O Cortiço
Páginas: 239
Página atual: 141

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 16
Capítulo 3 27
Capítulo 4 39
Capítulo 5 47
Capítulo 6 53
Capítulo 7 61
Capítulo 8 76
Capítulo 9 89
Capítulo 11 126
Capítulo 12 138
Capítulo 13 147
Capítulo 14 156
Capítulo 15 165
Capítulo 16 175
Capítulo 17 186
Capítulo 18 190
Capítulo 19 196
Capítulo 20 208
Capítulo 21 216
Capítulo 22 227
Capítulo 23 234