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Capítulo 1: A máscara da morte vermelha

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Mas nos corredores que ladeavam a suíte havia, em frente de cada janela, um pesado tripé com um braseiro cintilante que projectava os seus raios através dos vitrais e assim iluminava brilhantemente a sala. Deste modo era produzida uma imensidade de aspectos surpreendentes e fantásticos. Mas na sala ocidental, ou sala negra, a luz do braseiro que escorria pelas cortinas negras através dos vitrais sangrentos era extremamente sinistra e dava um ar tão estranho aos rostos daqueles que entravam, que bem poucos convivas se atreviam a penetrar em tal recinto.

Era também nesta sala que, encostado à parede de oeste, se encontrava um gigantesco relógio de ébano. O seu pêndulo balançava num tiquetaque surdo, pesado e monótono; e quando o ponteiro dos minutos completava a sua volta ao mostrador e a hora estava prestes a soar, elevava-se das entranhas de bronze do relógio um som que era claro e alto e profundo e imensamente musical, mas cuja nota e ênfase eram tão peculiares que, de hora a hora, os músicos da orquestra eram obrigados a calar-se momentaneamente, e a prestar atenção ao som; e assim também cessavam as evoluções dos dançarinos; e havia um breve desconcerto em toda a alegre companhia; e enquanto vibrava o carrilhão podia ver-se empalidecer os mais inconscientes e os mais velhos e calmos passavam a mão pela testa como num sonho ou meditação confusa. Mas, quando os ecos por completo se extinguiam, um riso leve percorria de imediato a assembleia; os músicos olhavam uns para os outros e sorriam como se do seu próprio nervosismo e tolice e juravam em segredo uns aos outros que o próximo carrilhão do relógio não lhes causaria a mesma emoção; e então, passados sessenta minutos (que abarcam três mil e seiscentos segundos do Tempo fugitivo), voltava a soar a hora e era de novo o mesmo desconcerto, e a mesma tremura, a mesma meditação de antes.

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Capa do livro A Máscara da Morte Vermelha
Páginas: 8
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Os capítulos deste livro:
A máscara da morte vermelha 1