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Capítulo 1: O gato negro

Página 10

A cave prestava-se muito bem a tal desígnio. As paredes haviam sido construídas com pouco cuidado e tinham sido recentemente caiadas. A humidade da atmosfera impedira a cal de secar. Além disso, numa das paredes havia uma saliência causada por uma falsa chaminé ou lareira que fora entaipada e caiada como o resto da cave. Não pus em dúvida que me fosse fácil remover os tijolos nesse ponto, enfiar lá o corpo e reconstruir a parede de modo que nenhum olho humano pudesse suspeitar de qualquer coisa.

Os meus cálculos não me enganaram. Munido de uma pinça retirei facilmente os tijolos e tendo cuidadosamente aplicado o corpo de encontro à parede interior mantive-o nessa posição até ter reconstruído sem grandes dificuldades todo o muro como primitivamente. Tendo arranjado cimento, areia e desperdícios com todas as precauções imaginárias, preparei uma espécie de reboco que se confundia bem com o antigo e cobri com ele a parede nova. Quando acabei, verifiquei com grande satisfação que tudo estava perfeito. Na parede não se viam os menores vestígios de ter sido retocada. Removi todo o lixo do chão com o maior cuidado e minúcia. Olhei triunfantemente ao meu redor e disse para comigo: «Aqui, pelo menos, o meu trabalho não foi em vão.»

O passo seguinte foi procurar a besta que causara toda esta desgraça; porque acabara por me decidir a matá-lo. Se tivesse podido encontrá-lo nesse momento não podia haver dúvidas quanto ao seu destino. Mas parecia que o astucioso animal ficara alarmado com a violência da minha fúria e evitava aparecer à minha frente no estado actual do meu humor. É impossível descrever ou imaginar a profunda e bendita sensação de alívio que me causou a ausência da detestada criatura. Não apareceu durante toda a noite - e nessa noite pelo menos, desde a sua introdução na casa, dormi de um sono pesado e tranquilo; é verdade, dormi, mesmo com o peso de um assassínio na consciência!

O segundo e terceiro dia passaram e o meu atormentador continuava sem aparecer.

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O gato negro 1