»Faz agora um ano que tem um lugar na presença de Deus e durante esse tempo a flor foi esquecida na janela, onde murchou, e, ao levarem a mudança, foi jogada ao monte de lixo da rua.
»E é essa flor que estamos levando incorporada ao nosso ramo, porque ela proporcionou mais alegrias do que a flor mais preciosa do jardim da rainha.
- Como sabe de tudo isso? - perguntou o menino nos carinhosos braços do anjo.
- Porque era eu o menino doente, que andava de muletas. E pode estar certo de que conheço muito bem a minha flor.
O menino abriu muito os olhos, fitou o formoso e feliz rosto do anjo e naquele instante chegaram ao céu, onde tudo era alegria e felicidade.
O Pai Celestial apertou o menino morto contra o peito e logo o recém-chegado recebeu um par de asas como o outro anjo, de modo que ambos puderam voar de mãos dadas.
E Deus apertou as flores contra o coração, beijando a pobre flor silvestre emurchecida, a qual recebeu o dom da voz e da palavra, e assim pôde unir-se ao coro de anjos que rodeava o Senhor.
Alguns estavam muito perto, outros em círculos distantes, que se estendiam até ao Infinito; mas todos eram igualmente felizes.
Todos entoavam a alegre canção, grandes e pequenos, o menino bom e a pobre flor silvestre, que tinha sido arrancada do monte de lixo de uma das ruas mais estreitas e sinuosas daquela cidade.
FIM