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Capítulo 1: Capítulo 1

Página 37

Cyril – Bem, depois disso acho que gostaria de ouvir o fim do seu artigo.

Vivian – Com prazer. Se fará algum bem eu realmente não sei dizer. O nosso é certamente o mais enfadonho e prosaico século possível. Pois bem!, até o Sono nos enganou, e fechou os portões de marfim, e abriu os portões de chifre. Os sonhos das grandes classes médias deste país, como lembrado nos dois pesados volumes do Sr. Myers sobre o assunto, e no Transações da Sociedade Psíquica, são as coisas mais deprimentes que já li. Não há nem um pesadelo refinado entre eles. Eles são comuns, sórdidos e tediosos. Quanto à Igreja, não consigo conceber nada melhor para a cultura de um país que a presença de um corpo de homens cujo dever é acreditar no sobrenatural, realizar milagres diários, e manter viva aquela faculdade de criar mitos que é tão essencial à imaginação. Mas na Igreja inglesa um homem tem sucesso não por sua capacidade de acreditar, mas por sua capacidade de desacreditar. A nossa é a única Igreja onde o cético fica sobre o altar, e onde São Tomé é considerado o apóstolo ideal. Muitos são clérigos dignos, que passam a vida em trabalhos de bondosa caridade, vivem e morrem não notados e desconhecidos; mas é suficiente para um fútil e sem educação saído de qualquer das duas universidades subir em seu púlpito e expressar suas dúvidas sobre a arca de Noé, ou o asno de Balaam, ou sobre Jonas e a baleia, para metade de Londres se aprumar para ouvi-lo, e sentar boquiaberta em embevecida admiração por seu soberbo intelecto. O crescimento do bom-senso na Igreja inglesa é algo a se lamentar. É na verdade uma degradante concessão a uma forma inferior de realismo. É tolo, também.

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Capa do livro A Decadência da Mentira
Páginas: 42
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