Frei Luís de Sousa - Cap. 3: Acto Terceiro Pág. 102 / 122

Ouvi, Telmo; lembrai-vos do que vos disse esta manhã?

TELMO

- Não me hei-de lembrar?

JORGE

- Ficai aqui. Em nós saindo, puxai aquela corda que vai dar à sineta da sacristia; virá um irmão converso; dizei-lhe o vosso nome, ele ir-se-á sem mais palavra, e vós esperai. Fechai logo esta porta por dentro, e não abrais senão à minha voz. Intendestes.

TELMO

- Ide descansado.

CENA III

TELMO, depois o IRMÃO CONVERSO

TELMO

(Vai para deitar a mão à corda, pára, suspenso, algum tempo, e depois)

- Vamos: isto há-de ser. (Ouve-se tocar longe uma sineta; Telmo fica pensativo e com o braço levantado e imóvel.)

CONVERSO

- Quem sois?

TELMO

(estremecendo)

- Telmo Pais.

(O converso faz vénia e vai-se.)

CENA IV

TELMO

(só)

- Virou-se-me a alma toda com isto: não sou já o mesmo homem.





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