Frei Luís de Sousa - Cap. 3: Acto Terceiro Pág. 108 / 122

TELMO

(em grande ansiedade)

- Senhor, senhor, não tenteis a fidelidade do vosso servo! É que vós não sabeis… D. João, meu senhor, meu amo, meu filho, vós não sabeis…

ROMEIRO

- O quê?

TELMO

- Que há aqui um anjo… uma outra filha minha, senhor, que eu também criei…

ROMEIRO

- E a quem já queres mais que a mim, dize a verdade.

TELMO

- Não mo pergunteis.

ROMEIRO

- Nem é preciso. Assim devia de ser. Também tu! Tiraram-me tudo. (Pausa) E têm um filho eles?… Eu não… E mais, imagino… Oh! passaram hoje pior noite do que eu! Que lho leve Deus em conta e lhes perdoe como eu perdoei já. Telmo, vai fazer o que mandei.

TELMO

- Meu Deus, meu Deus, que hei-de eu fazer?

ROMEIRO

- O que te ordena teu amo. Telmo, dá-me um abraço. (Abraçam-se.) Adeus, adeus, até…

TELMO

(com ansiedade crescente)

- Até quando, senhor?

ROMEIRO

- Até ao dia de juízo.





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