Frei Luís de Sousa - Cap. 2: Acto Segundo Pág. 52 / 122

TELMO

(com ansiedade)

- E esta noite ainda lidou muito nisso?

MARIA

- Não; desde ontem pela tarde, que cá esteve o tio Frei Jorge e a animou com muitas palavras de consolação e de esperança em Deus, e que lhe disse do que contava abrandar os governadores, minha mãe ficou outra; passou-lhe de todo, ao menos até agora. Mas então, vamos, tu não me dizes do retrato? Olha: (designando o de el-rei D. Sebastião) aquele do meio, bem sabes se o conhecerei; é o do meu querido e amado rei D. Sebastião. Que majestade! que testa aquela tão austera, mesmo dum rei moço e sincero ainda, leal, verdadeiro, que tomou a sério o cargo de reinar, e jurou que há-de engrandecer, e cobrir de glória o seu reino! Ele ali está… E pensar que havia de morrer às mãos de mouros, no meio de um deserto, que numa hora se havia de apagar toda a ousadia reflectida que está naqueles olhos rasgados, no apertar daquela boca!… Não pode ser, não pode ser.





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