Capítulo 2: Acto Segundo
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Não sei para que são estes mistérios: cuidam que eu hei-de ser sempre criança! Na noite que viemos para esta casa, no meio de toda aquela desordem, eu e minha mãe entrámos por aqui dentro sós, e viemos ter a esta sala. Estava ali um brandão aceso, incostado a uma dessas cadeiras que tinham posto no meio da casa; dava todo o clarão da luz naquele retrato… Minha mãe, que me trazia pela mão, põe de repente os olhos nele e dá um grito. Oh, meu Deus!… ficou tão perdida de susto, ou não sei de quê, que me ia caindo em cima. Pergunto-lhe o que é, não me respondeu. Arrebata da tocha, e leva-me com uma força… com uma pressa a correr por essas casas, que parecia que vinha alguma coisa má atrás de nós. Ficou naquele estado em que a temos visto há oito dias, e não lhe quis falar mais em tal. Mas este retrato que ela não nomeia nunca de quem é, e só diz assim às vezes: «O outro, o outro…», este retrato e o de meu pai que se queimou, são duas imagens que lhe não saem do pensamento.
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Páginas: 122
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