Frei Luís de Sousa - Cap. 2: Acto Segundo Pág. 53 / 122

Deus não podia consentir em tal.

TELMO

- Que Deus te ouvisse, anjo do céu!

MARIA

- Pois não há profecias que o dizem? Há, e eu creio nelas. E também creio naqueloutro que ali está (indica o retrato de Camões), aquele teu amigo com quem tu andaste lá pela Índia, nessa terra de prodígios e bizarrias, por onde ele ia… como é? ah, sim…

(Nuua mão sempre a espada e noutra a pena.)

TELMO

- Oh! o meu Luís, coitado! bem lho pagaram. Era um rapaz, mais moço do que eu, muito mais… e quando o vi a última vez… foi no alpendre de S. Domingos em Lisboa. Parece-me que o estou a ver, tão mal trajado, tão incolhido… ele, que era tão desimbaraçado e galã… e então, velho! velho alquebrado, com aquele olho que valia por dois, mas tão sumido e incovado já, que eu disse comigo: «Ruim terra te comerá cedo, corpo da maior alma que deitou Portugal!».





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