Estava firmemente decidida a dirigir-me ao meu irmão (marido) e dizer-lhe quem era. Mas, não sabendo em que disposição me receberia se lhe aparecesse de improviso, achei conveniente escrever-lhe primeiro uma carta a comunicar-lhe quem era e a garantir-lhe que não vinha com qualquer intenção de o apoquentar a respeito das nossas antigas relações, que esperava estivessem inteiramente esquecidas, e que recorria a ele como uma irmã recorria a um irmão, por precisar do seu auxílio acerca do que a nossa mãe, ao morrer, entendera por bem deixar-me, no que não duvidava me faria justiça, tanto mais que viera de tão longe para resolver esse assunto.
Acrescentei algumas palavras ternas e delicadas acerca do seu filho, que ele sabia ser também carne da minha carne, e que, como tivera tanta culpa de casar com ele como ele de casar comigo, pois ignorávamos ambos o parentesco que nos unia, esperava satisfizesse o meu desejo apaixonado de ver uma vez só o meu único filho e de lhe mostrar o sofrimento de uma mãe obrigada a sufocar o seu grande amor por um filho que nunca sequer a conhecera.
Acreditava que, ao receber esta carta, a daria imediatamente ao filho, visto saber que a sua vista era tão fraca que nem ler podia. Mas as coisas correram ainda melhor, pois, por causa da sua quase cegueira, encarregara o filho de abrir toda a correspondência, e este, como o pai não se encontrava em casa quando chegara a minha carta, abriu-a e leu-a logo.
Pouco depois chamou o portador e perguntou-lhe onde se encontrava a pessoa que o encarregara da entrega da missiva.