- É uma beleza, não é? - disse Henry, de pé, junto dela.
- Oh, sim! É um magnífico raposo! E bem grande! Ainda gostaria de saber de quantas galinhas deu ele cabo - retorquiu ela.
- De bastantes, estou certo. Pensa que será o mesmo raposo que viu no Verão?
- Acho que sim, que deve ser. Provavelmente é mesmo ele - volveu ela.
Ele observou-a, atento, sem contudo, chegar a qualquer conclusão. Em parte, ela parecia-lhe muito tímida, inexperiente, quase virginal, mas, por outro lado, revelava-se igualmente bastante austera, prosaica, azeda mesmo. Quando falava, aquilo que dizia dava-lhe sempre a sensação de não concordar com a sua enigmática expressão, destoando do que ressaltava dos seus grandes olhos negros.
- Vai esfolá-lo? - perguntou ela.
- Sim, depois de tomar o pequeno-almoço e de ir buscar uma tábua onde o possa pregar.
- Mas que cheiro tão forte que ele deita, palavra! Puahh!... Vou ter de lavar muito bem as mãos. Não sei que me deu para ser tão parva ao ponto de lhe pegar - disse então ela, olhando para a sua mão direita, aquela que antes passeara pelo ventre e pela cauda do animal, agora levemente manchada de sangue devido à marca escura que aquele tinha na pele.