O Raposo - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 65 / 111

«Um estuporzinho, um reles estuporzinho. Espero que ainda venhas a pagar por todo o mal que me fizeste sem motivo algum. Espero bem que sim, meu grande estuporzinho. Espero que o venhas a pagar, e a pagar caro. E hás-de pagar, podes crer, se os desejos ainda têm algum valor. Meu estuporzinho, não passas de um estuporzinho asqueroso, é o que é.»

Ela avançava com grande dificuldade, subindo lentamente a ladeira. Mas mesmo que ela escorregasse a cada passo, rolando por ali abaixo até um qualquer abismo insondável, ele não mexeria um dedo para a ajudar a transportar os embrulhos. Ah! Lá ia March, calcando a terra com o seu passo largo, de calções e casaquinho cintado! Descendo a colina a grandes passadas, dando mesmo algumas curtas corridas de quando em vez, toda embalada na sua grande solicitude e desejo de ir em socorro da sua pequenina Banford. O rapaz observava-a, furioso, o coração a transbordar de raiva. Vê-la a saltar valas, a correr que nem uma doida por ali abaixo como se a casa estivesse a arder, tudo isso só para ir ao encontro daquele objectozinho negro que rastejava colina acima! Assim, Banford parou, à espera que ela lá chegasse. E March, uma vez lá, pegou em todos os embrulhos, excepto num ramo de crisântemos amarelos. Eis tudo quanto Banford carregava agora, um ramo de crisântemos amarelos!

«Sim, ficas muito bem assim, não há dúvida», murmurou ele baixinho na penumbra do entardecer. «Ficas muito bem assim, para aí feita parva agarrada a um ramo de flores, lá isso ficas! Se gostas assim tanto de flores, toda abraçada a elas como vens, faço-tas para o chá, está descansada. E volto a dar-tas ao pequeno-almoço, aí volto, volto! Vou passar a dar-te flores, só flores e nada mais.»

E quedou-se a observar a marcha das duas mulheres. Podia agora ouvir-lhes as vozes.





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