- A vedação não tem importância - disse March na sua voz forte.
- Como sempre, só digo asneiras - volveu Banford, afastando dos olhos o cabelo em desalinho.
A árvore mantinha-se de pé como presa de um só músculo, inclinada e plangente sob aquele vento forte. Crescera num talude entre dois prados, por sobre uma pequena vala agora seca. No topo do talude, erguia-se uma vedação solitária, algo desgarrada, subindo em direcção aos arbustos do cimo do monte. Erguiam-se ali diversas árvores, agrupadas naquele canto do campo, perto do barracão e do portão que dava para o pátio. Na direcção deste portão, estendendo-se horizontalmente ao longo dos prados monótonos e iguais, ficava a vereda, irregular e ervosa, que levava à estrada lá ao fundo. Aí havia uma outra vedação, já meio arruinada e periclitante arrastando-se campo fora com as suas compridas traves apodrecidas apoiadas em estacas curtas e grossas, bastante afastadas umas das outras. Os três estavam de pé, atrás da árvore, no canto do prado junto ao barracão, logo acima do portão do pátio. A casa, com as suas duas empenas e um alpendre, erguia-se, aprumada, no meio de um pequeno quintal relvado existente no pátio. Uma mulher atarracada e gorducha, de rosto corado, com um xaile de lã vermelha pelos ombros, surgiu então à porta, detendo-se depois sob o alpendre.
- Então, ainda não a deitaram abaixo? exclamou, numa voz fraca e esganiçada.
- Está-se a pensar nisso - respondeu o marido. O tom com que falava com as duas raparigas era sempre algo trocista e mordaz. March não queria continuar a tentar derrubar a árvore enquanto ele ali estivesse. Pois, quanto a ele, nem um palito se incomodaria a levantar do chão se o pudesse evitar, queixando-se, à semelhança da filha, de ter um ombro apanhado de reumatismo.