A Origem da Tragédia - Cap. 23: Capítulo 23 Pág. 136 / 164

Quem, naqueles círculos, não se esgotou totalmente no esforço de ser um revisor de confiança de textos antigos ou um filólogo microscópico de história natural, este procure assimilar também a antiguidade helênica, ao lado de outras antiguidades, “historicamente”, mas seguramente, segundo o método e as maneiras superiores de nossa atual literatura histórica erudita. Se, por isso, a própria força de formação das universidades nunca esteve mais baixa e fraca do que atualmente, se o “jornalista”, o escravo do papel, no dia de hoje, levou de vencida o professor superior no tocante à formação cultural, e se a este último não resta senão a metamorfose já tantas vezes experimentada, de mover-se agora também na linguagem do jornalista, com a “elegância fácil” desta esfera, como uma alegre e instruída borboleta — com que confusão contemplarão os assim instruídos da atualidade aquele fenômeno, que somente poderia ser compreendido analogicamente pelo conteúdo o mais profundo do gênio helênico, que até momento não foi compreendido, — o renascimento do espírito dionisíaco e o renascimento da tragédia! Não existe outro período artístico em que a chamada cultura e a verdadeira arte se enfrentassem tão indiferente e tão inamistosamente, como na atualidade. Entendemos porque uma instrução tão fraca odeia uma arte verdadeira: é porque a primeira teme que da segunda venha a sua destruição. Não se haveria de consumir, porém, uma classe inteira de cultura, ou seja a socrático-alexandrina, para vir terminar em uma ponta tão delicada e débil como é a instrução atual!




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