42.
Onde é necessária a presença da crença. - Nada é mais raro entre moralistas e santos do que a retidão; talvez eles digam o contrário, talvez eles acreditem mesmo no contrário. Se em verdade uma crença é mais útil, mais eficaz, mais convincente do que a dissimulação consciente, então a dissimulação se transforma de imediato e por instinto em inocência: primeiro princípio para a compreensão de grandes santos. Também junto aos filósofos, um outro tipo de santo, todo o ofício traz consigo o fato de apenas certas verdades serem admitidas: a saber, apenas tais verdades, em relação às quais seu ofício conta com a sanção pública - dito kantianamente, verdades da razão prática. Eles sabem o que eles precisam provar, nisto eles são práticos - eles se reconhecem entre si através do consenso quanto à verdade. "Tu não deves mentir". Em alemão: precavenha-te, meu caro filósofo, quanto a dizer a verdade. 43. Dito ao pé do ouvido para os conservadores. - O que antes não se sabia e hoje se sabe, se poderia saber - uma involução, uma inversão em um sentido e em um grau quaisquer não é absolutamente possível. Nós fisiólogos ao menos o sabemos. Mas todos os sacerdotes e moralistas acreditaram nisto - eles queriam trazer a humanidade de volta para uma medida de virtude anterior, girar o parafuso para trás. Moral sempre foi um leito de Procrustro.