50.
Poder-se-ia dizer, que, em certo sentido, o século dezanove também aspirou a tudo, ao que Goethe aspirava enquanto pessoa: uma universalidade no entendimento, na aprovação, um ficar na expectativa de qualquer coisa, um realismo arrojado, uma veneração frente a todo fatual. Como é possível que o resultado conjunto não seja nenhum Goethe, mas um caos, um suspiro niilista, um não-saber-desde- onde-nem-para-o-interior-do-que, um instinto de fadiga, que in praxi leva incessantemente a retroceder ao século dezoito? (por exemplo, enquanto romantismo do sentimento, enquanto altruísmo e hiper- sentimentalismo, enquanto feminismo no gosto, enquanto socialismo na política). O século dezanove não é, sobretudo em seu desfecho, meramente um século dezoito reforçado e corrompido, ou seja, um século decadente? De modo que Goethe teria sido não apenas para a Alemanha, mas para toda a Europa simplesmente um incidente, um belo acontecimento vão? - Mas se compreende mal grandes homens, quando se os considera a partir da pobre perspectiva de uma utilidade pública. O fato de não se saber tirar dele nenhuma utilidade talvez pertença mesmo à grandeza...