Odisseia - Cap. 3: Calipso Pág. 12 / 129

Mas, assim que a manhã rompeu, Calipso entregou-lhe um belo machado de bronze, de finos gumes; com sólido cabo de oliveira, e levou-o à extremidade da ilha onde as árvores eram mais fortes e maiores. Com traves de olmo, de choupo e de pinheiro fez Ulisses a jangada. Sempre que uma ferramenta lhe era necessária - agora uma serra, logo uma verruma - a ninfa aparecia e dava-lha.

Pregos e cordas prenderam e ligaram bem as tábuas. Cercou-se de uma espécie de amurada, carregou um lastro pesado no fundo. Ergueu mastros, prendeu as velas e o leme. No fim de quatro dias a obra ficou pronta. No quinto dia, vestido das magníficas roupagens que a ninfa lhe dera, provido de pão, de carne, de vinho e de água doce, Ulisses, confiadamente, abriu as velas ao vento, e pôs-se ao leme, atento e lembrado dos conselhos de Calipso. Esta recomendara-lhe, para quando a noite caísse, rumo sempre à esquerda da constelação da Ursa-Maior. Luziam-lhe os olhos de contentamento e nem sequer - tão entusiasmado partia - receava os perigos que certamente teria de vencer, lamentava o sossego que para sempre ia deixar...





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