Findo o combate, deu-se Ulisses a conhecer. Subiu outra vez aos aposentos de Penélope, e disse enfim o seu nome. Mas Penélope já estava quase certa da verdade...
É que Euricleia. - a ama carinhosa que em seus braços, agora fatigados, criara e embalara Ulisses pequenino - assistira à dura refrega, e vira a derrota dos pretendentes.
Admirando, com seus límpidos olhos que tantas coisas raras tinham visto, os golpes certeiros do Herói, nem por instantes duvidou de que estava contemplando o invencível guerreiro de Tróia.
Quem, melhor do que ela, sabia dos seus feitos e da têmpera rija da sua alma? Quem, melhor do que ela, teria gravados na memória os traços da sua fisionomia?
Imediatamente, correra a avisar a esposa triste, sempre chorosa no aposento onde trabalhava. Penélope, embora temendo ainda qualquer engano, sentia no entanto- e o próprio coração lho dizia - que Euricleia não se tinha iludido. Acções de tal grandeza - só Ulisses as praticaria! Amor que tão bem a defendesse e amparasse - só o amor de Ulisses!