Junto da teia jamais acabada de tecer - da teia que os dedos ágeis da rainha ora teciam, ora desteciam, para frustrar a ambição daqueles que perfidamente cobiçavam sua mão e sua fortuna - junto dessa prova suprema da sua fidelidade e paixão, abriu os braços ao esposo justiceiro, ao esposo que vibrava de pura alegria, de afecto insofrido, e do orgulho do triunfo gloriosamente alcançado...
Ulisses cingiu-a longamente, peito a peito. Abraçou depois Telémaco, Eumeu e todos aqueles que o tinham sabido esperar sem o trair. De quantos viviam no palácio, ao tempo da sua partida para Tróia, só Árgus, o cão dedicado, morrera. Era o único amigo que faltava!...
Do palácio inteiro acorria gente, surgiam os criados, os guardas, as aias da rainha. E o ar ressoava da vasta aclamação, que se erguia de dezenas de bocas delirantes...
Rápida, a notícia chegou ao povo da cidade. Andava ele desavindo, separado em dois grupos rivais que se odiavam e hostilizavam. Mas o imprevisto acontecimento que a todos surpreendeu e exaltou, apaziguou de súbito as antigas discórdias. Logo se estabeleceu a paz, como na época venturosa em que Ulisses ali reinava, antes da sua ausência demorada.