— Deus vo-lo dê tão bom — disse a duquesa — que sempre ouçamos boas notícias dos vossos feitos, e andai com Deus, que, quanto mais vos detendes, mais aumentais o fogo nos peitos das donzelas que vos miram, e, à minha, eu a castigarei de forma que daqui por diante se não desmande, nem com a vista, nem com as palavras.
— Uma só quero que me ouças, ó valoroso D. Quixote — disse então Altisidora — e é que te peço perdão do latrocínio das ligas, porque vejo agora que as tenho postas, e estava como o outro que, montado no burro, andava à procura dele.
— Eu não dizia? — acudiu Sancho — mesmo eu sou bom para encobrir furtos; se os quisesse fazer de mão cheia, tinha muita ocasião para isso no meu governo.
D. Quixote abaixou a cabeça e fez uma reverência aos duques e a todos os circunstantes; e, voltando as rédeas a Rocinante, e seguindo-o Sancho montado no burro, saiu do castelo, dirigindo o seu caminho para Saragoça.