Mantêm quase as mesmas opiniões que os nossos antigos filósofos, quanto às causas de todas estas coisas, a origem das marés e da salinidade do mar, e finalmente quanto ao princípio original e natureza do céu e do mundo. Tal como os nossos filósofos variam nas suas opiniões, também eles discordam em certos pontos, dando novas razões para as coisas e discordando entre si. Na filosofia moral, as suas razões e opiniões concordam com as nossas. Discutem as qualidades da alma, do corpo e da felicidade e se a noção de bem se pode aplicar a todas estas coisas ou apenas ao desenvolvimento das faculdades do espírito.
Dissertam acerca da virtude e do prazer. Mas a primeira e principal questão é saber em que consiste a felicidade do homem. Mas neste ponto quase todos se inclinam para o prazer, em que pensam consistir, se não toda, pelo menos a maior parte da felicidade. O que é mais de espantar, defendem esta moral delicada e voluptuosa invocando a sua religião, grave, triste, rigorosa e severa. Mas nunca discutem acerca da felicidade ou do bem sem acrescentarem às razões filosóficas certos axiomas religiosos, sem os quais pensam ser imperfeita e falsa a busca da verdadeira felicidade.
Estes são os princípios que os regem: «A alma é imortal e a bondade de Deus criou-a para a felicidade.» «Depois da morte, as virtudes e boas acções têm a sua recompensa e as más acções o seu castigo.» Embora estes dogmas pertençam à religião, pensam, no entanto, que devem ser acreditados e aceites por meio da razão.