Frei Luís de Sousa - Cap. 3: Acto Terceiro Pág. 106 / 122

TELMO

- Seja feita a Sua vontade.

ROMEIRO

- Pesa-te?

TELMO

- Oh! senhor!

ROMEIRO

- Pesa-te…

TELMO

- Há-de me pesar da vossa vida? (À parte) Meu Deus, parece-me que menti…

ROMEIRO

- E porque não, se já me pesa a mim dela, se tanto me pesa ela a mim? Amigo, ouve… Tu és meu amigo?

TELMO

- Não sou?

ROMEIRO

- És, bem sei. E contudo, vinte anos de ausência e de conversação de novos amigos fazem esquecer tanto os velhos! Mas tu és meu amigo. E se tu o não foras, quem o seria?

TELMO

- Senhor!

ROMEIRO

- Eu não quis acabar com isto, não quis pôr em efeito a minha última resolução sem falar contigo, sem ouvir da tua boca…

TELMO

- O que quereis que vos diga, senhor? Eu…

ROMEIRO

- Tu, bem sei que duvidaste sempre da minha morte, que não quiseste ceder a nenhuma evidência; não me admirou de ti, meu Telmo.





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