quem és tu?
ROMEIRO
(tirando o chapéu e alevantando o cabelo dos olhos)
- Ninguém, Telmo; ninguém, se nem já tu me conheces!
TELMO
(deitando-se-lhe às mãos para lhas beijar)
- Meu amo, meu senhor… sois vós? Sois, sois. D. João de Portugal, oh, sois vós, senhor?
ROMEIRO
- Teu filho já não?
TELMO
- Meu filho!… Oh! é o meu filho todo; a voz, o rosto… Só estas barbas, este cabelo não… Mais branco já que o meu, senhor!
ROMEIRO
- São vinte anos de cativeiro e miséria, de saudades, de ânsias que por aqui passaram. Para a cabeça bastou uma noite como a que veio depois da batalha de Alcácer; a barba, acabaram de a curar o sol da Palestina e as águas do Jordão.
TELMO
- Por tão longe andastes!
ROMEIRO
- E por tão longe eu morrera! Mas não quis Deus assim.