— Que é isto?! É que esta assanhada está de barriga! Está ai o que é! Para tanto não lhe faltou jeito, nem foi preciso que a gente andasse atrás dela se matando, como sucede sempre que há um pouco mais de serviço e é necessário puxar pelo corpo! Ora está ai o que é!
— Bem, disse a Augusta, mas não lhe bata agora, coitada! Assim você lhe dá cabo da pele!
— Não! Eu quero saber quem lhe encheu o bandulho! E ela há de dizer quem foi ou quebro-lhe os ossos!
— Então, Florinda, diz logo quem foi... É melhor! aconselhou a das Dores.
Fez-se em torno da rapariga um silêncio ávido, cheio de curiosidade.
— Estão vendo?... exclamou a mãe. Não responde, este diabo! Mas esperem, que eu lhes mostro se ela fala, ou não!
E as lavadeiras tiveram de agarrar-lhe os braços e tirar-lhe o cacete, porque a velha queria crescer de novo para a filha.
Ao redor desta a curiosidade assanhava-se cada vez mais. Estalavam todos por saber quem a tinha emprenhado. “Quem foi?! Quem foi?!” esta frase apertava-a num torniquete. Afinal, não houve outro remédio:
— Foi seu Domingos... disse ela, chorando e cobrindo o rosto com a fralda do vestido, rasgado na luta.
— O Domingos!...
— O caixeiro da venda!...
— Ah! foi aquele cara de nabo? gritou Marciana. Vem cá!
E, agarrando a filha pela mão, arrastou-a até à venda.
Os circunstantes acompanharam-na ruidosamente e de carreira.
A taverna, como a casa de pasto, fervia de concorrência.
Ao balcão daquela, o Domingos e o Manuel aviavam os fregueses, numa roda-viva. Havia muitos negros e negras. O baralho era enorme. A Leonor lá estava, sempre aos pulos, mexendo com um, mexendo com outro, mostrando a dupla fila de dentes brancos e grandes, e levando apalpões rudes de mãos de couro nas suas magras e escorridas nádegas de negrinha virgem Três marujos ingleses bebiam gengibirra, cantando, ébrios, na sua língua e mascando tabaco.
Marciana na frente do grande grupo e sem largar o braço da filha, que a seguia como um animal puxado pela coleira, ao chegar à porta