A Vida Amorosa de Moll Flanders - Cap. 2: A vida amorosa de Moll Flanders Pág. 347 / 359

O quacre foi-nos muito útil e, quando chegámos ao lugar que nos propusera, arranjou-nos um armazém conveniente para as nossas mercadorias e acomodações para nós e para os nossos criados. Cerca de dois meses depois, por conselho seu, adquirimos uma grande parcela de terreno ao governador, a fim de fazermos a nossa plantação, e abandonámos definitivamente a ideia de irmos para a Carolina. Fomos muito bem recebidos, e convenientemente acomodados até podermos preparar as coisas, ter suficiente terra desbravada e madeira e materiais para a construção de uma casa, tudo sob a orientação do quacre. Deste modo, no prazo de um ano, tínhamos quase cinquenta acres de terra desbravada, parte dela cercada e alguma já com tabaco plantado, embora pouco, e, além disso, horta e seara suficientes para que não faltassem aos nossos servos raízes, legumes e pão.

Persuadi então o meu marido a deixar-me ir ao outro lado da baía, a fim de visitar os meus parentes. Da melhor vontade mo consentiu, pois tinha bastante trabalho em que se ocupar e a sua arma para se divertir, o que muito lhe agradava. Costumávamos olhar-nos, às vezes, com muito prazer, pensando como aquela vida era melhor, não apenas que Newgate, mas também que os momentos mais prósperos da desgraçada carreira que ambos tivéramos.

Os nossos negócios floresciam. Por trinta e cinco libras pagas a pronto comprámos aos proprietários da colónia terra suficiente para uma plantação em que podiam trabalhar entre cinquenta e sessenta servos e que, bem administrada, bastaria para as nossas necessidades enquanto vivêssemos, tanto mais que ultrapassara havia muito a idade de ter filhos.

Mas a nossa boa fortuna não terminou aqui. Fui, como disse, ao outro lado da baía, ao lugar onde vivia o meu irmão que fora meu marido.